O Tratado da Verdadeira Devoção à Maria, de São Luís Maria
Grignion de Montfort, que completa 300 anos em 2012, permaneceu por 130
anos no silêncio de um baú.
Irmã Ágata Ângela, uma Filha da Sabedoria (instituto fundado por São Luís Maria de Montfort), que viveu a dois séculos atrás, nas crônicas de 1842 escreveu um testemunho direto sobre o redescobrimento do Tratado da Verdadeira Devoção à Maria:
“Durante a Revolução Francesa as cartas e os manuscritos das
comunidades (fundadas por Montfort) foram escondidos nas fazendas
vizinhas, onde permaneceram sepultados no pó durante diversos
anos. Aquilo que foi reencontrado, foi em parte colocado na biblioteca
dos Padres (monfortinos) e outra parte na Comunidade das Irmãs; o
manuscrito em questão (o Tratado) foi depositado na casa dos Padres (Saint Spirit) e ali permaneceu desconhecido como havia profetizado o autor”.
De fato, São Luís Maria, no ano 1712, nesse manuscrito destinado a
tornar-se célebre, escreveu: “Prevejo que muitos animais frementes virão
em fúria para rasgar com seus dentes diabólicos este pequeno escrito e
aquele de quem o Espírito Santo se serviu para compô-lo. Ou pelo menos
procurarão envolver este livrinho nas trevas e no silêncio de uma arca, a
fim de que não apareça.” (TVD 114).
Dia 22 de abril de 1842 o reverendo, Padre Pedro Rauterau,
bibliotecário da Companhia de Maria (Monfortinos), enquanto preparava
uma pregação em honra à Santa Virgem, nosso Senhor lhe colocou entre as
mãos este precioso tesouro. O Padre reconheceu o estilo e o pensamento
do Venerável fundador e imediatamente o entregou ao seu superior (Padre
J. Dalin) que reconheceu perfeitamente a caligrafia. Assim veio à luz
aquilo que o santo de Montfort “ensinou com fruto em público e em
privado nas missões por diversos anos” (TVD 110), isto é que “Por meio
da Santíssima Virgem Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por meio
dela que deve reinar no mundo” (TVD 1).
Esse livro foi escondido por causa da importância dos seus
ensinamentos, ele nos revela a importância da Santíssima Virgem na
história da salvação dos homens, nos indica como fazê-la reinar nos
corações através da consagração total
a Ela e assim pertencer perfeitamente a Cristo, impedindo as insídias
do demônio e esmagando a cabeça da serpente que quer a perdição das
almas no esquecimento de Deus e no pecado. Por isso o demônio tentou
destruí-lo ou ao menos escondê-lo.
Observou-se como a Imaculada Conceição, que esmaga a cabeça da
serpente, é um ponto comum a todas as grandes aparições marianas,
reconhecidas pela Igreja, a partir da aparição de Nossa Senhora das
Graças a Santa Catarina Labouré (1830). É também impressionante a
coincidência de datas entre o início do ciclo das aparições marianas dos
últimos dois séculos e o reencontro desse escrito mariano destinado a
formar gerações de santos (1842).
A obra prima de Montfort de fato foi publicada no momento justo, isto
é, quando começava a despontar a aurora do “tempo de Maria” que o Santo
havia profetizado, o tempo da luta entre Maria e os seus humildes
servos de uma parte e de satanás e os seus seguidores de outra. “O
poder de Maria sobre todos os demônios resplenderá em modo particular
nos últimos tempos quando satanás insidiará o seu calcanhar e isto é, os
humildes servos e filhos que Ela suscitará para mover-lhe guerra.” (TVD
54).
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